Paulo Lima, coordenador de inclusão digital do Projeto Saúde e Alegria, conta sobre sua experiência para o projeto ID21. Saúde e Alegria é uma iniciativa civil sem fins lucrativos que atua na Amazônia brasileira desde 1987, promovendo e apoiando processos participativos de desenvolvimento comunitário integrado e sustentável.
Paulo Lima — É coordenador de inclusão digital do projeto Saúde e Alegria em Santarém,
militante desde 1988 em prol da apropriação da sociedade civil das tecnologias de
informação e comunicação. Marco do início de suas ações com o provedor de acesso a
informação e internet chamado Alternex, do IBASE e a ECO92. Com a coordenadoria do
PSE, rede de informações do terceiro setor, empenhado no impulsionamento da agenda de
inclusão digital no Brasil, organiza assim inúmeras oficinas sobre tema pelo país.
Durante 15 anos alimentou o polo de movimentos sociais -Telecentros, software livre- junto
a prefeitura de SP com mais de 200 Telecentros. Em 2007 começa agenda de inclusão
digital na Amazônia com o projeto tradicional, Saúde e Alegria.
Ao longo do primeiro governo Lula houve a criação do Telecentro BR na Amazônia,
segundo Paulo Lima, uma fracasso descoordenado de maquinário inapropriados para as
condições locais e com alto custo de manutenção por terem equipamentos que demandam
bom funcionamento a partir da energia solar, fruto da falta de gestão adequada.
Atualmente os computadores estão sendo substituídos por smartphones e o diferencial são
as conexões. O Programa Gesac propõe uma conexão via satélite com 12 megas por
segundo. O programa já solicitou mais de 50 conexões, atualmente tendo apenas 32 em
funcionamento. A região sofre de grande dificuldade de manutenção dos equipamentos
quando há qualquer problema nas conexões por serem equipamentos obsoletos. Eles
enfrentam hoje dificuldade de conexões, mesmo que tenha um satélite em cima da região e
que atenderia muitíssimo bem a demanda local. Ao que se vê o satélite não vem sendo
aplicado em função de solucionar problemas nessas comunidades.
Uma observação de consequência é que nessas comunidades haviam telefones públicos
(orelhões) e atualmente as operadoras que os administravam não funcionam mais. A Oi
telefonia era a referência de operadora para a região mas atualmente encontra se
sucateada, e não há expectativa de recuperação da empresa.
Estamos à beira de um apagão se não houver a apropriação do programa do Gesac e
programas satelitais utilizando a banda do satélite nacional para inclusão digital dessas
comunidades das quais veremos completamente distantes da sociedade de informação,
principalmente os jovens que terão dificuldade de dar prosseguimento dos estudos à
distância e os avanços conquistados até o momento relativos à inclusão digital
propriamente. Considerando o momento atual da pandemia covid 19, essas famílias estão
aliadas, quantidade grande de pessoas que vivem em condições sem energia de rede, sem
o interesse das companhias elétricas, sem torre de telefonia celular seguem desassistidas
por serem desinteressantes economicamente pro mercado. A distribuição de energia
nesses locais é cada vez mais lenta.
Mesmo assim, muita coisa melhorou em termos de serviços interessantes a serem
aplicados nas comunidades, como o fornecimento de smartphones mais baratos. Nesse
momento, o foco da segunda gestão do projeto está em salientar o que são os telecentros.
Agora são pontos públicos de acesso a internet com smartphone, gerenciados pelas
lideranças comunitárias. Esses pontos tem um kit de geração de energia solar de baixo
custo que gira em torno de 6 mil reais com energia de conexão que funciona 24h, isso
resulta numa substituição do celular e possibilita acesso a aplicativos de comunicação.
HEntão a inclusão digital faz todo sentido a comunidade ribeirinhas indígenas para todos os
isolados que não são interesse para o mercado e dos quais o estado tem se mantido
omisso. O termo "inclusão digital" ainda faz sentido, mas de outra maneira. Não mais com
telecentros mais caros e mais difíceis de manutenção, mas com modelos que focam em
qualificar o uso das conexões hoje disponíveis com telefones celulares, mas podendo usar
muito mais do que apenas whatsapp e redes sociais que tem acesso livre fornecidos pelas
telefonias. E sim programas de apoio a agricultura familiar, clima tempo, cursos de línguas
pesquisas escolares, apoio aos professores para que possam qualificar suas atividades
escolares, saúde e mobilização em função da saúde, aplicativos de denúncias de
queimadas muito eficientes, acesso livre a informação.
Paulo Lima reforça a necessidade de conexões satelitais que atenda coletividades, esses
O ponto de partida para a discussão atual está não na metodologia de uso nem nas
ferramentas disponíveis que conseguem capacitar para utilização de forma satisfatória, o
que falta é acesso a internet. A atuação do projeto é capaz de ofertar soluções tecnológicas