Vagner do Nascimento fala ao projeto ID21. Vaguinho, como é conhecido, é liderança no Quilombo da Independência (Paraty/RJ), também chamado de ‘Quilombo do Campinho’, e coordenador do Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT) - movimento das comunidades indígena, caiçara e quilombola da região que abrange os municípios de Angra dos Reis/RJ, Paraty e Ubatuba/SP.
Olá, me chamo Vaguinho, sou liderança da comunidade Quilombola do Campinho , em Paraty, RJ e Coordenador do Fórum de Comunidades Tradicionais de Angra dos Reis, Paraty e Ubatuba.
Falar sobre inclusão digital nestas comunidades, que são centenas, é falar de uma exclusão histórica que poucas políticas públicas chegaram até os tempos de hoje.
Temos até hoje comunidades isolados, onde o acesso é difícil, algumas levam mais de duas horas de barco para chegar.
Algumas comunidades tem energia elétrica recente, há cerca de dois anos atrás e outras ainda nem tem energia elétrica.
Com uma escassez ou falta completa de serviços básicos, como postos de Saúde, escola publicas e outros.
Como a chegada do programa Cultura viva, Pontos de Cultura, na presidência do Lula, em 2005, chegaram os Telecentros, com computadores, máquinas, mesas, cadeiras para implementar estes centros de convivência, mas com muita dificuldade para chegarem os equipamentos….devido as distâncias e falta de organização por parte das associações e do próprio projeto.
Em parceria com diversas associações da sociedade civil, foi possível obter este beneficio para diversas comunidades que tiveram seu primeiro contato com a inclusão digital.
Esta ação envolveu várias organizações mas não se sustentou por muito tempo, alguns equipamentos foram se deteriorando, foram poucas capacitações para manter o processo vivo, e também as associações não tinham estrutura e formação para manter.
Foi acontecendo um processo de desmonte dos telecentro e pontos de cultura.
O processo de inclusão digital e inclusão social foi interrompido por falta de políticas publicas, salvo algumas comunidades que conseguiram se mobilizar. Por esforços das lideranças e parcerias.
Hoje em dia algumas pessoas das comunidades conseguem acessar os equipamentos eletrônicos, como smartphones, mas por mobilização própria e atuação nos movimentos.
mas com limitações devido a internet precária.
Em uma região que está entre as duas maiores metrópoles do Brasil , com uma circulação turística grande, mas que não absorve os benefícios deste contexto geográfico e econômico.
Mas estas comunidades estão aquém de terem uma estrutura de inclusão digital satisfatória.
Através dos seus esforços e dos seus equipamentos, privados, e que não são tão bons, conseguimos avançar, não muito, mas pelo menos um pouco, para que as comunidades consigam se comunicar, falar das suas problemáticas e avançar no desafio de inclusão digital, que ainda ha muito o que se fazer.
Por esforços do nosso trabalho, estamos fazendo debates para a comunidade se apropriar da importância deste tema , para que as comunidades saiam deste processo de exclusão , não só digital, mas todo o processo de exclusão que as nossas comunidades passam históricamente.